Em desaprovação ao trote da sujeira e da bebida, que muitas vezes abre espaço para humilhações nas ruas, estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estão organizando uma forma diferente de receber os calouros. A iniciativa, chamada de Campanha Trote Solidário UFPel, consta em divulgar pela internet informações aos novos estudantes sobre as instituições pelotenses que oferecem auxílio a diferentes causas. O intuito é de propagar atitudes positivas e incentivar o trote solidário como uma alternativa melhor ao tradicional, que é proibido pela Universidade.

Em períodos como este, de início de semestre na UFPel, é comum ver jovens pintados e sujos pelo centro da cidade, em busca de dinheiro para bancar as festas e as bebidas dos estudantes. O caderno virtual vem para rebater essa prática, contendo informações de endereço, materiais em necessidade e telefone para contato de cada entidade precisando de doações. O objetivo é que os ingressantes conheçam as instituições carentes da cidade e saibam as formas de ajudá-las. São 13 diferentes locais na lista; entre elas estão a Aapecan, o Asilo de Mendigos, a SOS Animais, o Banco de Alimentos e a Casa Vida Pelotas, que aceitam donativos permanentemente.

Victória Trindade e Eduarda Centeno, estudantes do curso de Biotecnologia, foram duas das responsáveis por entrar em contato com as beneficiadas e pedir a autorização para a campanha. Alunas do curso de Ciências Sociais também estão envolvidas. Victória afirma que, na maioria das vezes, é difícil conhecer as necessidades de cada uma das instituições, o que dificulta a doação. “Nossa ideia era descomplicar o trote solidário, através do acesso à informação sobre essas instituições”, explica. Já Eduarda conta que, apesar de ainda estar em processo de organização, a campanha surtiu efeito e alguns alunos já estão engajados. A cartilha está disponível no link http://goo.gl/B4bzdU e o movimento pode ser acompanhado pela página Campanha Trote Solidário - UFPel (www.facebook.com/trotesolidarioufpel).

Tal incentivo à caridade reflete a opinião da administração da Universidade, que, no final de abril, publicou um memorando proibindo trotes que submetam os calouros a situações constrangedoras ou que representem violência física e simbólica. A Reitoria está enviando o documento às unidades acadêmicas e colegiados dos cursos determinando que a medida seja implementada.

Proibido na cidade
A Câmara de Vereadores de Pelotas promulgou em 2012 a lei 5.897, que proíbe o trote universitário nas vias públicas da cidade. A regra vale para universidades públicas e privadas do município.